O verso “Eu continuo queimando tudo até a última ponta”, do Planet Hemp, surgiu despretensiosamente em meados dos anos 1990 durante uma conversa entre Marcelo D2 e Marcelo Yuka, do grupo O Rappa, em um posto de gasolina. Este trecho da música “Queimando Tudo”, do disco Os Cães Ladram Mas A Caravana Não Pára (1997), transcendeu os limites do álbum e passou a representar também o sentimento de comunidade e de afirmações políticas que mantêm a banda como uma das vozes mais relevantes da contracultura há mais de três décadas. Agora, a marcante sentença inspira o nome da turnê de despedida do grupo, A Última Ponta, que contará com shows em Porto Alegre, no dia 4 de outubro, na KTO Arena; no Rio de Janeiro, no dia 8 de novembro, na Farmasi Arena; e em São Paulo, no dia 15 de novembro, no Allianz Parque. As apresentações das respectivas datas são uma realização da 30e, maior companhia brasileira de entretenimento ao vivo, e a venda de ingressos começa ao meio-dia, no dia 18 de junho, no site da Eventim (acesse aqui).
“Fizemos um belo trabalho nesses 30 anos de carreira, mas tudo tem um final. O Planet Hemp tem uma energia muito forte que não queremos que se apague”, diz Marcelo D2. “Já namoramos essa ideia há pelo menos dois anos, mas a parceria com a 30e foi crucial para podermos realizar esta turnê. Vamos aproveitar esses últimos momentos juntos, na estrada, como banda, e nos conectarmos mais uma vez com essa galera que está nos apoiando desde o início. É muito louco, nosso primeiro show foi para sete pessoas e agora vamos encerrar tudo no Allianz Parque”, complementa.
Foi uma camiseta com estampa da banda californiana Dead Kennedys que chamou a atenção de Skunk e o fez ter a primeira interação com Marcelo D2, que, na época, em 1992, vendia camisetas de bandas de rock e vinis usados no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. A construção dessa amizade e o interesse mútuo por música resultou na fundação do Planet Hemp que, antes mesmo de ter um álbum lançado, já se apresentava nas casas alternativas das capitais fluminense e paulista e começava a movimentar a cena underground. Em 1994, no entanto, a trajetória de Skunk foi interrompida de forma precoce: ele morreu aos 27 anos. O BNegão, que já acompanhava o grupo de perto, assumiu os vocais, consolidando a formação que se tornaria histórica. “O Planet tem essa coisa singular de ser uma banda underground que habita o mainstream de forma convicta, e isso vai ser levado às últimas consequências nessa tour”, afirma o músico.
Atualmente, o Planet Hemp é formado por Marcelo D2 (vocal), BNegão (vocal), Formigão (baixo), Nobru (guitarra), Pedro Garcia (bateria) e Daniel Ganjaman (guitarra e baixo).
O grupo se destaca pela fusão inédita entre rap, rock’n roll, psicodelia, hardcore, e ragga, com elementos da música brasileira. Resultando em uma identidade sonora única, que não apenas influenciou o cenário musical e político do país, mas, sobretudo, surgiu como uma voz audaciosa na defesa da legalização da maconha, confrontando as estruturas conservadoras da sociedade brasileira.
Usuário (1995), o álbum de estreia, rapidamente se tornou um clássico, com letras diretas e beats pesados. Foi o cartão de visita do Planet Hemp, com sucessos como “Legalize Já”, um manifesto em defesa da descriminalização da maconha; “Dig Dig Dig (Hempa)”, uma crítica à guerra às drogas; e “Mantenha o Respeito”, um grito contra o autoritarismo policial.
Esse discurso direto, irônico e propositalmente subversivo do grupo rendeu um espaço de respeito na cena musical pela constância das mensagens de suas músicas, que reivindicam a legalização da maconha como uma forma genuína de liberdade de expressão, além de denunciar a violência policial e a destruição ambiental.
“O Planet Hemp surgiu com menos de 10 anos após a Ditadura Militar. Se falava muito do que se podia e não. Fomos vanguarda ao falar da legalização das drogas, mais que a questão medicinal, abordamos o prejuízo social que a ilegalidade traz. Puxamos conversas que foram necessárias para a sociedade, levantando assuntos que nem podiam se falar nos anos 1990″, afirma D2.
Em 1997, na crescente do sucesso, os integrantes da banda foram presos acusados de “apologia às drogas” por conta das letras e discursos em seus shows, após uma apresentação em Brasília. O episódio gerou grande repercussão na imprensa, mobilizou artistas e intelectuais, e transformou o grupo em símbolo nacional de resistência cultural e liberdade de expressão. Longe de enfraquecê-los, a prisão fortaleceu sua base de fãs e acendeu o debate sobre os limites da arte e da censura no Brasil pós-ditadura.
A discografia do Planet Hemp também inclui os álbuns Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára (1997), lançado logo após o episódio da prisão, com faixas ainda mais incisivas sobre repressão e desigualdade, incluindo a música que tem o excerto que nomeia a turnê de despedida. A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000), aprofundou o experimentalismo sonoro; e, após um longo hiato, o retorno com JARDINEIROS (2022), uniu a fúria política de sempre à uma produção mais contemporânea. Esse último trabalho, inclusive, rendeu dois prêmios GRAMMY Latino, em 2023. O grupo venceu nas categorias “Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa” e “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa”, com a faixa “DISTOPIA”, parceria com Criolo — mostrando que o Planet Hemp segue relevante mesmo depois de três décadas.
Com suas letras combativas, postura antissistema e shows incendiários, o Planet Hemp consolidou-se como uma das principais vozes da contracultura brasileira e serviu de influência tanto na música quanto no discurso político e social no país. Os músicos são donos de um legado que atravessa gerações, desafia normas e amplifica lutas que ainda estão longe de terminar. A turnê A Última Ponta conclui uma trajetória consagrada do Planet Hemp, incluindo uma apresentação no Allianz Parque.
O trabalho mais recente do grupo é o registro audiovisual BASEADO EM FATOS REAIS: 30 ANOS DE FUMAÇA (AO VIVO), gravado em uma apresentação em São Paulo, no último ano, com a participação especial de nomes como Pitty, BaianaSystem, Major RD, Rodrigo Lima e Tropkillaz.
“O show que fizemos para a gravação do DVD dá uma boa dica do que os fãs podem esperar desta turnê. Teremos mais tempo de palco, tocando algumas músicas que não tinham entrado no repertório e, claro, com convidados que passaram pela história do Planet”, finaliza D2.
Serviço – Planet Hemp – A Última Ponta
Data: 3 de outubro de 2025 (sexta-feira)
Local: Live Curitiba – R. Itajubá, 143 – Novo Mundo, Curitiba – PR
Horário de Abertura da casa: 21h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais
Valores:
Pista Lote 1 – R$ 112,50 (meia-entrada legal) | R$ 135,00 (entrada social) | R$ 225,00 (inteira)
Pista Lote 2 – R$ 122,50 (meia-entrada legal) | R$ 147,00 (entrada social) | R$ 245,00 (inteira)
Pista Lote 3 – R$ 132,50 (meia-entrada legal) | R$ 159,00 (entrada social) | R$ 265,00 (inteira)
Pista Lote 4 – R$ 142,50 (meia-entrada legal) | R$ 171,00 (entrada social) | R$ 285,00 (inteira)
Pista Premium Lote 1 – R$ 172,50 (meia-entrada legal) | R$ 207,00 (entrada social) | R$ 345,00 (inteira)
Pista Premium Lote 2 – R$ 202,50 (meia-entrada legal) | R$ 243,00 (entrada social) | R$ 405,00 (inteira)
Pista Premium Lote 3 – R$ 222,50 (meia-entrada legal) | R$ 267,00 (entrada social) | R$ 445,00 (inteira)
Mezanino Lote 1 – R$ 142,50 (meia-entrada legal) | R$ 171,00 (entrada social) | R$ 285,00 (inteira)
Mezanino Lote 2 – R$ 172,50 (meia-entrada legal) | R$ 207,00 (entrada social) | R$ 345,00 (inteira)
Mezanino Lote 3 – R$ 182,50 (meia-entrada legal) | R$ 219,00 (entrada social) | R$ 365,00 (inteira)
Ingressos: https://www.eventim.com.br/event/planet-hemp-a-ultima-ponta-live-curitiba-20373545/